As pinturas rupestres dos Campos Gerais
Os grafismos rupestres, também conhecidos como pinturas rupestres ou arte rupestre, são um dos vários tipos de vestígios arqueológicos produzidos por comunidades pretéritas (povos indígenas) que habitaram a região dos Campos Gerais do Paraná de centenas a milhares de anos atrás.
Estes povos produziam desenhos de variados tipos, principalmente no interior de pequenas cavidades subterrâneas, localmente chamadas de abrigos e lapas. A tinta para produzir os grafismos era feita a partir do uso de minerais, como a hematita, os quais eram moídos, reduzidos a pó, misturados com fluídos (água, saliva, sangue, seiva, gordura animal) e cozidos. Estes pigmentos eram espalhados nas paredes e tetos de cavidades naturais com a ponta dos dedos ou com o uso de gravetos, taquaras e até mesmo penas.
Apesar de ser possível distinguir formas de animais, vegetais e humanas, o significado dessas figuras é uma incógnita, uma vez que essas comunidades originárias foram exterminadas a partir do processo de colonização do atual território dos Campos Gerais do Paraná.
A maioria dos sítios arqueológicos contendo pinturas rupestres estão situados na área da Escarpa Devoniana (o degrau topográfico que separa o Primeiro do Segundo Planalto Paranaense) e de seu entorno. A região possui centenas de sítios arqueológicos com grafismos rupestres e outros vestígios, dos quais muitos ainda não foram devidamente estudados e ainda há um vasto potencial para novos achados. Exemplo desse potencial foi a recente descoberta do painel com pinturas rupestres de Araucárias (Pinheiro-do-Paraná - foto ao lado).
Em muitos casos as pinturas rupestres se encontram desvanecidas, ou seja, devido à ação natural do tempo estes grafismos desbotaram. Mas muito daquilo que estava oculto, grafismos que não eram possíveis de serem observados a olho nu, tem sido revelados com o uso de técnicas de realce de imagens digitais, um método ainda pouco utilizado na arqueologia brasileira.
Com a aplicação desta técnica de realce em mais de 14 mil imagens digitais de alta resolução coletadas durante o Projeto PGRupestre, coordenado pelo Grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas (GUPE), foi possível observar detalhes e até mesmo novas pinturas antes imperceptíveis no suporte rochoso dos vários abrigos estudados. Isso permitiu uma compreensão mais profunda das técnicas de pintura, das sobreposições existentes, das temáticas produzidas e da riqueza deste patrimônio cultural.
